quinta-feira, 31 de janeiro de 2008

SICKO!

Acabei de ver o novo filme do diretor Michael Moore, SICKO. Já imagino a avalanche de críticas positivas e negativas sobre a bagaça. O gordinho jogou mais merda no ventilador, e minha tendência é gostar desta sujeira... O ataque mais recorrente à Moore diz respeito à manipulação de depoimentos e situações. Concordo. Mas vinda da grande mídia em geral, é impossível não dar risada. É o sujo falando do mau lavado. Ao mesmo tempo, só ouvi falar de um depoente seu reclamar posteriormente. Um soldado ferido no Iraque, mostrado no seu último filme (Farenheit 9/11) o processou sob a alegação de que Moore havia explorado a imagem de seu sofrimento indevidamente. No entanto o soldado perdeu a ação. Aliás, Moore nunca negou que a edição de seus filmes refletem sua visão dos fatos. Não é esse o grande trunfo da montagem cinematográfica? Não é aí que a obra ganha identidade? Bons filmes não têm a cara de seu diretor? David Lynch, Peter Greenway, Sérgio Bianchi, Roman Polanski, Quentin Tarantino, Glauber Rocha... E Michael Moore, entre vários. Reconhecemos sua narrativa panfletária e cínica de longe. Mentiroso, anti-patriota e comunista são os elogios mais proferidos pelos seus adversários, os incansáveis conservadores do Partido Republicano. Engraçado é que o diretor nunca perdeu um processo de calúnia e difamação. Desafiou qualquer pessoa a mostrar uma mentira no polêmico Farenheit 9/11 e não vi notícias de que ele desembolsou alguns de seus milhões para pagar a aposta. Fatos narrados dentro de quaisquer perspectivas jamais mostrarão a "verdade". Acreditar no contrário é o mesmo que esperar Papai Noel na beira da lareira. E é aí que o diretor encontra a "brecha" para suas provocações. Cuba não é melhor do que os EUA para se viver. Mas, como pode, em sua miséria cotidiana, um cubano encontrar um hospital razoável (dentro dos padrões de vida em Cuba, não de um país de primeiro mundo, é bom frisar) para se tratar gratuitamente? Ou melhor, como pode um país tão rico e desenvolvido como os EUA, não ter nenhum plano de saúde pública? É absolutamente chocante. O grande mérito de Moore é explicitar estas mazelas de Tio Sam, mostrando para o mundo que o sonho americano muitas vezes não passa disso mesmo: um sonho. A realidade para um número cada vez maior de estadunidenses está virando pesadelo. Em SICKO, Michael Moore mostra as entranhas de um país perdendo sua humanidade.

Nenhum comentário: